Juliana Jenny Kolb
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Enxugamento ou Downsizing
O downsizing é uma técnica de reestruturação organizacional que surgiu em meados da década de 70 nos Estados Unidos e que tem como objetivo eliminar processos desnecessários, tornando a empresa mais ágil e competitiva. Em geral, é a primeira ferramenta utilizada para iniciar os processos de horizontalização e reestruturação da empresa, possuindo como foco principal a área de Recursos Humanos e os colaboradores.
No início, o downsizing veio como uma resposta das empresas americanas à busca por maior competitividade, principalmente por meio da redução de custos e diminuição da burocracia que existia nas mesmas, fazendo com que elas não conseguissem corresponder adequadamente às exigências do mercado, que demonstrava ser cada vez mais inflexível. Ele é usado na administração para designar um processo de reestruturação organizacional, através da redução dos níveis hierárquicos e supostos custos corporativos da companhia.
Vale ressaltar, que essa redução pode ser temporária ou permanente.
Objetivos e Etapas do Downsizing
Por ser tratar de um processo de racionalização planejado, o downsizing precisa estar consistente com o
plano estratégico do negócio e ao mesmo tempo ser capaz de tornar a organização o mais enxuta possível.
Em seu curto prazo, o downsizing envolve demissões, reestruturação organizacional, redução dos custos, entre outros aspectos corporativos.
Por outro lado, em relação ao longo prazo, com a consequente redução da burocracia, expansão e
achatamento da organização, o downsizing contribui de forma significativa para o seu crescimento sustentável.
Basicamente, ele elimina certas despesas e cargos desde alta gerência até os níveis de supervisão, mas apesar de trazer alguns benefícios para a empresa, o downsizing também possui alguns efeitos colaterais e por isso sua aplicação precisa ser muito bem pensada.
O downsizing pode desencadear um “boom” de insegurança junto aos colaboradores remanescentes (pós enxugamento), que se sentem inseguros em relação à empresa e ao processo de demissão de alguns dos companheiros de trabalho. Além desses problemas o downsizing pode não atingir sua real expectativa, falhando em promover as mudanças estruturais pretendidas, tornando o ambiente corporativo ainda mais problemático. Pode-se dizer também que dependendo da sua implementação, pode ser necessário um período de transição maior do que o esperado para que as operações atinjam novamente o mesmo (ou
melhor) pico de eficiência.
Contraponto:
Augustinho Paludo, considera que o downsizing substitui a cultura baseada na desconfiança e no policiamento externo por uma nova cultura, que investe em treinamento para a qualidade e apoia a inovação, a iniciativa e o comprometimento das pessoas.
É importante salientar, que mesmo após a redução da burocracia dos processos e da hierarquia de cargos administrativos, a empresa precisa dar atenção aos problemas que podem surgir devido a transformação de “enxugamento” pela qual passou. Por isso, para evitar ao máximo o surgimento de problemas indevidos é necessário ter um processo de downsizing sólido, bem estruturado e que respeite cada etapa do seu processo. Dentre as principais etapas do downsizing, nós podemos citar: o planejamento, a definição de metas, a elaboração de princípios, a coleta de fatos, a identificação de oportunidades e a execução.
Tipos e enfoques do Downsizing
O downsizing pode tomar diferentes formas e cada organização responde de uma maneira diferente ao processo. Ele pode atingir toda a empresa, ou apenas setores distintos da mesma, como áreas de negócios ou de suporte. Sua característica mais marcante é a demissão em massa, consistindo em cortar custos de setores tidos por não essenciais. Por ser um termo um pouco estigmatizado no mercado de trabalho, a companhia precisa ter uma visão mais abrangente durante sua aplicação, evitando focar apenas nas demissões e sim numa revisão de sua estrutura através de uma administração mais racional.
O Downsizing possui dois tipos distintos, o reativo e o estratégico. O primeiro ocasiona uma séria redução do quadro corporativo, sem diagnóstico prévio. Em geral os danos a companhia são custosos, com implicações negativas em sua eficiência. O tipo estratégico procede após uma boa antecipação e preparação por parte da empresa. Este tipo possibilita resultados e efeitos rápidos, mantendo um nível de qualidade sustentável no ambiente corporativo, facilitando a comunicação (estrutura mais enxuta) e promovendo o espírito empreendedor dos colaboradores (espaço para novas ideias).
Os enfoques do downsizing são dois no total. O enfoque de convergência do downsizing, é conceituado como as mudanças incrementais, ou seja, fazer a atividade de forma mais eficiente, melhorada. É um período de mudanças e adaptações, que visam atingir maior consistência entre as atividades internas da organização, contribuindo para impedir que mudanças radicais ocorram. Trata-se de um reforço a atual missão e estratégias da organização, possuindo a responsabilidade como foco primário nos reajustes e redefinições.
Ele visa obter uma organização “diferente” da atual e não apenas menor em sua estrutura.
O período de reorientação acontecem no curto prazo da implementação do downsizing, podemos dizer que são as mudanças em etapas, tais como: distribuição de poder, estrutura do sistema de controle, etc. Ao contrário do período de convergência, a reorientação tem por intuito implantar algo diferente na organização e não “mudá-la”, ou seja, são implementadas estratégias mais severas de downsizing, podendo haver uma redefinição na estrutura e na estratégia da própria organização. É considerado como parte de um processo contínuo de melhoria e seu objetivo e redefinir e simplificar todos os processos da organização.
Objetivos do Downsizing
- Redução de custos;
- Rapidez na tomada de decisão;
- Resposta mais rápida às ações do concorrente;
- Comunicação menos distorcida e mais rápida;
- Manutenção da orientação para a ação com menos análise e paralisia;
- Promoção das sinergias dentro da empresa;
- Elevação da moral na gerência geral;
- Criação do foco nas necessidades do cliente, e não nos procedimentos internos;
- Aumento da produtividade dos gerentes.
Críticas ao Downsizing e Conclusão
O processo de downsizing também pode envolver outros aspectos, sendo preciso manter uma atenção extra em relação a análise dos custos e da evolução dos indicadores, avaliando o valor final agregado ao resultado de todo o processo. Deve ser feita também, uma análise da viabilidade quanto a contratação de terceiros e outra dos critérios de desempenho pessoal.
Ao final de sua implementação, com a consequente simplificação da estrutura organizacional é bem provável que próximo à conclusão do processo ocorram a eliminação de algumas posições e níveis hierárquicos.
Por isso, é importante que a empresa administre um trabalho motivacional, com o objetivo de acalmar os ânimos dos colaboradores remanescentes. Estratégias resultantes do downsizing podem acabar mexendo com a auto-estima e também com a moral do grupo, pois quando aplicado estrategicamente e de forma correta, seu processo consegue trazer resultados concretos tanto no curto prazo, quanto no longo prazo. O downsizing sofreu severas críticas por parte de grandes nomes da administração contemporânea. Peter Drucker e Charles Handy, por exemplo, chegaram a vir a público lançar sua indignação em relação ao
downsizing
O próprio Robert Tomask, um dos criadores do conceito, afirmou que se teria ido longe de mais na utilização do downsizing. Entretanto, acreditamos que como administradores, devemos encontrar o que seria o “meio-termo” ideal numa futura aplicação ou utilização do Downsizing, já que se bem aplicado pode trazer resultados concretos para a empresa.
Referência Bibliográfica
Administração pública – Augustinho Paludo – pg. 197
Site de Referência
http://www.portal-administracao.com/2013/12/downsizing-saiba-o-que-e.html